segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Saúde: Cientistas portugueses entram em pesquisa


Sim senhor. Parece que cada vez mais cientistas portugueses participam em estudos importantes internacionais. Maravilha. Esta notícia é sobre um estudo ao genoma do autismo em que participam cientistas de vários países, Portugal incluído, com a publicação de artigo na revista "Nature Genetics".
Pode ser que este estudo contribua para que o governo Sócrates consiga vencer o autismo em que se colocou, e preste mais e melhor atenção aos portugueses e aos problemas que lhes está a causar.

domingo, fevereiro 18, 2007

Deus gosta mais do Carnaval

Numa Quarta-feira de Cinzas, o Padre Mário de Oliveira escreveu no seu diário um texto precioso .
Um olhar sobre a Igreja e a sociedade feito de humor e amor
Ontem foi o dia de Carnaval. E, hoje, é o dia de Quarta-feira de cinzas. Entre um e outro, qual será o dia que Deus prefere? Tenho para mim, que Deus gosta mais, muito mais, do dia de Carnaval, do que do dia de Quarta-feira de cinzas, apesar deste ser iniciativa da Igreja.
O Carnaval não só não é iniciativa da Igreja católica romana, como também teve sempre contra ele a Igreja católica romana que, por estas alturas, sempre promove (hoje, de maneira muito mais restrita e discreta), nas paróquias mais cumpridoras, a chamada devoção das "Quarenta horas", ou seja, quarenta horas de adoração contínua ao Santíssimo Sacramento, como "desagravo" pelos pecados cometidos nesse dia e nos dias imediatamente anteriores, o maior dos quais será, certamente, a própria existência do Carnaval, causa e ocasião de todos os outros pecados!
Já a Quarta-feira de cinzas, pura iniciativa da Igreja católica romana, na sequência e imitação/reprodução de velhos ritos religiosos destrutivos da pessoa humana, em que todos os cultos politeístas e idolátricos sempre foram e são férteis (basta ver o que faz, hoje, por exemplo, em termos de vítimas humanas, o culto idolátrico ao deus Dinheiro, que as multinacionais não se cansam de promover, em todo o mundo!), para além de assinalar o início da chamada Quaresma, é bem um dia nos antípodas do dia de Carnaval.
Deus, por isso, não pode gostar nada da Quarta-feira de cinzas. Só pode gostar do Carnaval, com todos os excessos de que ele se veste e se despe, todos os anos. E, se alguma coisa Deus poderá lamentar, é que o Carnaval não aconteça todos os dias, pelo menos, que o seu espírito, festivo e alegre, não anime as nossas vidas e as nossas sociedades humanas, todos os dias.
Mas como é que Deus poderia gostar mais do dia de hoje, Quarta-feira de cinzas, do que do dia de ontem, Carnaval? Não é Ele o Deus da Alegria e da Festa? Não é Ele o Deus da Vida e dos Vivos? Não é Ele o Deus da Plenitude e da Abundância? Não é Ele o Deus do Excesso e da Ressurreição?
Ora, se ontem foi o dia da Folia e do Erotismo sem barreiras, hoje, por determinação da nossa Igreja católica romana, é o dia da Tristeza e do Sacrifício. Se ontem foi o dia da expansão da vida humana, hoje, é o dia da repressão da vida humana. Se ontem, as pessoas foram águias e puderam voar até à exaustão, hoje, não passam de galinhas de capoeira, condenadas a olhar para o chão, com a cabeça coberta de cinza. Se ontem os corpos humanos se mostraram nus e esbeltos, numa proclamação sem tabus da beleza erótica e da vida chamada à ressurreição, hoje são corpos sobre cujas cabeças, os clérigos - são, felizmente, cada vez menos os seres humanos que ainda se prestam a esse papel à frente das paróquias - depositam ritualmente cinza, ao mesmo tempo que dizem, "Lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te hás-de tornar" (as mulheres, pelos vistos, não são tidas nem achadas, não são sequer nomeadas e, por isso, parece que poderiam e deveriam continuar o Carnaval sem qualquer interrupção; mas, por mais estranho que isso seja, a verdade é que são as mulheres quem, hoje, ainda mais corre a receber a cinza e a escutar estas absurdas palavras que o texto do Ritual católico se "esqueceu" de endereçar também a elas!). Ou seja, se ontem tudo nos dizia que a vida humana é bela e é para ser vivida até à exaustão, hoje, tudo nos diz que a vida humana não presta para nada e, por isso, o melhor é mesmo renunciar a crescer em idade, em estatura, em sabedoria e em graça - coisa que Jesus de Nazaré nunca fez, antes pelo contrário (cf. Lucas 2) - para apenas crescermos em derrota e em fracasso, até que a morte nos reduza a pó, a cinza, a nada.
Está visto que, com as coisas assim, Deus só pode gostar do Carnaval e detestar o dia de hoje, Quarta-feira de cinzas, bem como a quaresma que com ela se inicia. Por sinal, a humanidade, cada vez mais liberta da nefasta influência do clero católico e da sua ideologia moralista, também gosta mais do Carnaval, do que da Quarta-feira de cinzas.Até nisto, verifica-se que a Humanidade sintoniza mais com Deus, do que os próprios clérigos e toda a hierarquia da Igreja católica. E a prova, irrefutável, é que, se ontem (e já nos dias imediatamente anteriores), as populações encheram as ruas com os seus trajes carnavalescos e correram, em multidão multicor e folgazã, aos tradicionais locais onde desfilam os cortejos do Carnaval, hoje, já não correm aos sombrios e antiquados templos paroquiais, por um pouco de cinza que os respectivos párocos prepararam para depositar nas cabeças das pessoas, que ainda vão nas suas pastorais, no decorrer duma cerimónia litúrgica(!?) de requintado mau gosto, tétrica e completamente esvaziada do Evangelho ou Boa Notícia de Jesus, por isso, uma espécie de jogo armadilhado, destinado a acorrentar ainda mais as populações ao demónio da tristeza e do medo, para que elas desistam definitivamente de toda a alegre e empenhada actividade política transformadora da vida e do mundo.
Sim, é do Carnaval que Deus gosta. Não, da Quarta-feira de cinzas. Nem da Quaresma, a que este dia dá oficialmente início. Entretanto, vejam lá como as coisas são. A Igreja, que deveria ser a primeira a despertar toda a Humanidade para a vida em plenitude e para a festa, deixa essa evangélica missão nas mãos das chamadas Escolas de Samba e outras colectividades de cultura e recreio. E faz ainda pior. Não só se recusa a despertar toda a Humanidade para a vida em plenitude e para a festa, como também tudo fez e ainda faz para tentar impedir que certas instituições seculares assumam essa missão.
Tanto assim, que se, hoje, ainda há Carnaval, é graças à teimosia da sociedade civil que nunca capitulou perante o poder clerical e eclesiástico, mesmo naqueles tenebrosos séculos da Cristandade Ocidental, quando a Igreja católica foi dona e senhora das pessoas e das suas consciências. E manteve as populações subjugadas pelo medo do pecado e do inferno, duas criaturas que o poder eclesiástico foi capaz de imaginar e produzir, para, com elas, estragar sistematicamente a vida dos seres humanos, vida essa que Deus, destruidor que é de todo o tipo de pecados e de todo o tipo de infernos, sempre quis que fosse plenamente alegre, realizada, feliz.
Só mesmo uma Igreja que, depois da derrocada do Império romano, se transformou em poder eclesiástico e em império religioso-católico, é que foi e é capaz de sentir sádico prazer em reprimir as pessoas que a integram e as populações em geral. E em castigá-las com cilícios. Com jejuns. Com abstinências. Com longas listas de pecados, cada qual o mais grave e o mais feio, a ter de confessar, de joelhos, aos pés de um clérigo que se deixou, ingenuamente, convencer de que Deus delegou nele o poder de perdoar pecados. Mas não só. Também com a sádica repressão dos corpos. E com feitura e aplicação de leis paranóicas, como a lei do celibato obrigatório (outra coisa, muito outra, é o celibato por livre opção de cada pessoa). E, sobretudo, com a criação de mosteiros e de conventos, onde, ao longo dos séculos, encerrou/encurralou/imolou/sacrificou milhões e milhões de mulheres e de homens, depois de as e de os convencer de que, quanto mais reprimissem os seus naturais desejos e salutares apetites, sobretudo, os sexuais, mais e mais subiriam até às alturas de Deus e, por isso, mais e mais mulheres e homens de Deus seriam, no meio de um mundo perdido e eternamente condenado, porque inteiramente mergulhado no pecado do prazer, a começar pelo pecado do prazer sexual. E o pior é que estas mulheres e estes homens, assim desviadamente educados, deixaram-se convencer de que as coisas eram mesmo assim, e foi exactamente isso que acabaram por fazer. Consequentemente, tornaram-se numa espécie de permanente anti-Carnaval, ao vivo, com os seus corpos vestidos da cabeça aos pés, com roupas propositadamente mal confeccionadas, de tecidos grosseirões, pesados, negros como a noite, corpos tristes, macilentos, mal alimentados, mal dormidos, castigados com toda a espécie de penitências e de torturas, mas sempre convencidos de que, por isso mesmo, eram (são) as autênticas esposas e os autênticos esposos de Deus, numa promiscuidade oral e escrita, que faz agoniar quem ouve e lê certos textos produzidos por elas e por eles, mas, oficialmente, classificados pela instituição eclesiástica como textos reveladores de alta mística e de alta santidade!...
Mas a verdade é que Deus - e ao contrário do que sempre nos disseram as tradicionais catequeses eclesiásticas e a prática pastoral das paróquias e dos conventos de frades e de freiras - do que verdadeiramente gosta, é do Carnaval e não da Quarta-feira de cinzas, muito menos da Quaresma que com ela se inicia.
Entretanto, se assim é - e quem há aí que, com base no Evangelho de Jesus, se atreva a dizer que assim não é?! - então, tudo quanto a Cristandade Ocidental, ao longo dos séculos, ensinou e promoveu, os santos e as santas que fabricou - mediante a repressão e as penitências, as privações e as condenações de todo o prazer, mediante os votos de pobreza, de obediência e de castidade, entendidos, não à luz da prática libertadora e festiva de Jesus de Nazaré, o Cristo, mas à luz da ideologia sacrificialista dos cultos politeístas e idolátricos em honra de deusas e de deuses que sempre se alimentam de gente e se sentem honrados com o esmagamento dos seres humanos - não tem, nunca teve, qualquer sentido e qualquer valor, diante de Deus, deste Deus que gosta do Carnaval e não da Quarta-feira de cinzas e da Quaresma.
Mais. Se assim é, e é de facto, então, tudo isso que a Igreja católica tanto valorizou, são falsos valores, são manifestações concretas duma cultura desumanizada, repressiva, anti-humana, duma falsa cultura, duma cultura que tem tudo a ver com o culto dos deuses e das deusas do Paganismo politeísta e idolátrico, nada tem a ver com Jesus de Nazaré e com o Deus que se nos revelou definitivamente na sua prática de vida e na sua palavra, uma e outra, radicalmente libertadoras e promotoras da vida humana em plenitude e em abundância. E, igualmente, nada tem a ver com cultura verdadeiramente humana e humanizadora.
Porém, que ninguém se assuste com o que acabo de afirmar. Pelo contrário, ousemos, isso sim, olhar com olhos críticos e libertos para todo o passado da Humanidade, com incidência maior, para os últimos dezasseis séculos do Ocidente, que foram séculos de Cristandade. Porque na medida em que esse foi um passado informado pela nefasta influência da Cristandade Ocidental, só pode ser um passado deformado, desfigurado, desviado, cheio de feridas e de cicatrizes, como uma árvore que cresceu torta, mas por força da repressão e da opressão que, de fora, se abateu sobre ela.
Por isso, é um passado de que urge libertar-nos quanto antes, para ousarmos começar de novo, segundo outro Espírito, o de Deus Vivo, que quer que nós, seres humanos, mulheres e homens indiscriminadamente e em radical igualdade, vivamos, e vivamos em abundância, cresçamos em idade, em estatura, em sabedoria e em graça, em liberdade e em dignidade, em autonomia e em responsabilidade, até atingirmos a plena dimensão do ser humano por antonomásia, que é Jesus de Nazaré, o Cristo de Deus.
Volto a repetir. Que ninguém se assuste com o que acabo de afirmar. Porque é com Jesus de Nazaré - só depois, é claro, de o termos devidamente resgatado das mãos de certos e influentes clérigos e da sacrílega manipulação que a Cristandade Ocidental sempre fez dele e do seu Nome - que havemos de aprender a ser e a viver como seres humanos, como novos seres humanos, alternativos aos seres humanos que a Cristandade Ocidental fez à sua própria imagem e semelhança, por isso, seres humanos autistas, opressores, violentos, violadores, agressivos, dominadores, déspotas, conquistadores, exploradores, tiranos, muito religiosos, com o nome de Deus sempre na boca ("Valha-me Deus", "Se Deus quiser"), com o nome da deusa sempre na boca ("Valha-me nossa senhora", "Nossa senhora te guarde"), mas nunca no coração e na prática de vida de todos os dias.
É verdade. Neste início do terceiro milénio, temos, como Humanidade, de nascer do Alto, do Espírito Santo, tal como Jesus de Nazaré paradigmaticamente nasceu (só soubemos essa Boa Notícia, a partir do momento em que algumas das suas discípulas e alguns dos seus discípulos, inopinadamente, experimentaram, nas suas vidas desanimadas e sem rumo, a presença de Jesus ressuscitado, de resto, uma experiência pessoal que - e este é um dado historicamente irrefutável - mudou radicalmente o ser e o viver de umas e de outros. Tal como, ainda hoje, continua a mudar o ser e o viver daquelas mulheres e daqueles homens que, um dia, nas suas vidas adultas, inopinadamente, também experimentaram essa mesma presença de Jesus ressuscitado).
Tem de ser este Espírito outro, a tomar conta de nós, a morar em nós, mesmo naquelas e naqueles de nós que se digam ateus. Para que também passemos a ser mulheres e homens outros, nos antípodas dos seres humanos que a Cristandade Ocidental formou e plasmou, totalmente avessos ao Carnaval e a ter de gostar da Quarta-feira de cinzas e da Quaresma.
Na medida em que este Espírito outro, tomar conta de nós, morar em nós, nasceremos do Alto e passaremos a ser mulheres e homens outros, constitutivamente festivos, fraternos/sororais, acolhedores, libertos para a liberdade, autónomos, responsáveis, protagonistas, sujeitos, cooperantes, solidários, intervenientes, criadores, com Causas que digam respeito a todas as pessoas e a todos os povos e ao próprio Universo, lucidamente espirituais, amigos, companheiros, capazes de valorizar tanto os prazeres, como os deveres, salutarmente eróticos, sensuais, com ternura e com afectos, sempre prontos a repartir com as outras pessoas o que temos e, mais do que isso, sempre prontos a darmo-nos gratuitamente às pessoas, até darmos a nossa própria vida pela vida do mundo.
É profundamente exigente, esta via que, assim, sem mais aquelas, aqui acabo de apontar/propor? Sem dúvida. Mas creiam que é a única via profundamente libertadora e humanizadora da Humanidade. E também a única que garante sabor e incontida alegria ao nosso ser e ao nosso viver.Aliás, há, já, pelo menos, dois mil anos, que a Humanidade deveria andar a percorrer regularmente esta via. Mas foi criminosamente desviada dela. Por acção da Igreja, ou, pelo menos, com a cumplicidade da Igreja, particularmente, quando esta aceitou integrar o Império romano e, de imediato, se transformou em Cristandade Ocidental, em Igreja católica romana.
Mas é a Igreja, enquanto comunidade de comunidades - foi para um modelo de Igreja assim que o Concílio Vaticano II, felizmente, apontou - que, enquanto durar a História, está chamada a dar a conhecer ao mundo esta via, e a vivê-la paradigmaticamente entre os seus membros, no clima das pequenas comunidades cristãs e jesuânicas de base, ao mesmo tempo que, com coragem martirial, sempre deverá denunciar a outra via, que tem por pai o Diabo, e, por isso, por mais que, habilmente, se disfarce de religião, de muita religião, também e sobretudo, de religião católica, é a via que torna os seres humanos totalmente impermeáveis à força da Verdade que liberta e à força do Amor que faz novas todas as coisas, como tal, é a via que faz seres humanos só no aspecto exterior, porque, dramaticamente, desumanos no seu ser e no seu agir.
É claro que esta via - exigente via - que aqui e agora aponto/proponho, não é invenção minha. Vem directamente do Espírito Santo de Deus e ganhou plena e integral expressão no corpo histórico de Jesus de Nazaré, o filho biológico de Maria e de José, mas teologicamente apresentado, nos relatos evangélicos de Mateus e de Lucas, como o filho de Maria Virgem e do Espírito Santo. Uma forma literária e teológica de tentar dizer o humanamente indizível, ou seja, que o ser humano, Jesus de Nazaré, nascido de Maria e de José, é, simultaneamente, o Cristo de Deus, o mesmo que - escândalo dos escândalos, loucura das loucuras - foi condenado à morte, como um maldito, pelos príncipes dos sacerdotes e pelo Sinédrio do seu tempo e país, e executado na cruz, fora da cidade de Jerusalém, sob o poder de Pôncio Pilatos, na altura, procurador do Império romano, na Palestina.
Sem Jesus de Nazaré, o Crucificado que Deus ressuscitou, nunca esta via teria sido, plena e integralmente revelada, plena e integralmente conhecida e, plena e integralmente experimentada. Jesus de Nazaré foi o primeiro que a viveu, plena e integralmente. E também o primeiro que a revelou, plena e integralmente, e o primeiro que a deu a conhecer, plena e integralmente. Daí a importância decisiva, determinante, de Jesus, para toda a Humanidade, crente e não crente. E que levou as suas discípulas e os seus discípulos a confessar/proclamar, desde muito cedo, e com toda a razão, que Jesus de Nazaré é o Cristo, o Filho de Deus, o Deus-entre-nós-e-connosco, o Emanuel, o Libertador e o Salvador.
Na verdade, mais nenhum outro ser humano, antes de Jesus de Nazaré e depois de Jesus de Nazaré, alguma vez se atreveu ou atreverá a dizer de si mesmo, o que Jesus diz de si mesmo: - Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; Eu sou a Ressurreição e a Vida; Eu sou a Porta; Eu sou a Luz do mundo, quem me segue não anda nas trevas; Filipe, quem me vê, vê o Pai, por isso, como é que dizes: mostra-nos o Pai?
Entretanto, tenho a certeza de que, ao fazer aqui todas estas afirmações, estou a escandalizar muita gente, crente católica e protestante, e não crente, nomeadamente, muita gente que, hoje, faz do ateísmo uma filosofia de vida.Por isso, alertei e volto a alertar que é preciso, imperioso e urgente, resgatar Jesus de Nazaré do controlo de certos clérigos católicos influentes e, também, de certos pastores dos chamados Novos Movimentos Religiosos que, hoje, proliferam por tudo quanto é sítio, especialmente, lá, onde medram e crescem a miséria, a degradação humana, a toxicodependência, o desemprego, o desespero, e todo o tipo de vida humana que mais parece um beco sem saída.
Na verdade, têm sido este tipo de clérigos, eclesiásticos ou laicos, e este tipo de pastores das novas religiões, com insaciável fome e sede de privilégios e dispostos a tudo para os garantir e aumentar cada vez mais, que se apoderaram de Jesus e, depois de fazerem dele uma caricatura, muito mais feia do que a mais feia máscara de Carnaval, não têm quaisquer escrúpulos em manipular o seu santo Nome, em seu exclusivo proveito e em proveito da respectiva corporação.
Jesus de Nazaré, porém, não é nada do que, concretamente, ao longo dos últimos dezasseis séculos, fizeram dele, no Ocidente. É, por isso, preciso, imperioso e urgente redescobrir, hoje, Jesus e o seu Projecto. Para nos tornarmos, neste início do terceiro milénio, mulheres e homens ao seu jeito e segundo o seu Espírito. Mas, é claro, ao jeito do Jesus de Nazaré autêntico, não do forjado por esses clérigos e pastores sedentos de privilégios, à sombra do qual têm iniquamente vivido e medrado, como pequenos deuses todo-poderosos e temidos.
Mas, atenção! Quando dizemos que o Nome de Jesus é santo, de modo algum queremos dizer que é beato, que está confinado aos templos, que está necessariamente associado a padres, a bispos, a pastores de novas igrejas, a rezas, a missas, a comunhões solenes de crianças, a certos ritos litúrgicos, como o baptismo, o casamento pela igreja, o funeral católico. Nada disso. Isso foi o que sacrilegamente fizeram e fazem dele todos esses clérigos e pastores das novas igrejas, com insaciável fome e sede de privilégios.
Quando dizemos que o Nome de Jesus é santo, queremos dizer que é diferente de tudo o que até então tínhamos por valor absoluto, divino, até, por Deus. Queremos dizer, concretamente, que é o único Nome que não faz parte do Sistema dominante e da Ordem mundial dominante (por isso, é que tanto aquele, como esta, na pessoa dos seus chefes de turno - os ricos, os poderosos e os religiosos - não só não o reconheceram, como também o mataram fora da cidade, como maldito. Se ele fizesse parte do Sistema dominante e da Ordem mundial dominante, ter-se-ia aliado aos chefes de turno do seu tempo e país, e estes, em lugar de o matarem, tê-lo-iam convertido no seu deus principal, ou mesmo único. Por sinal, foi isto mesmo que acabou por suceder, nomeadamente, a partir do século IV, quando os chefes do Sistema dominante e da Ordem mundial dominante de então, diabolicamente, decidiram integrar o Nome de Jesus e fazer dele o Nome maior do seu Sistema e da sua Ordem, mas só depois de, habilmente, o esvaziarem de todo o conteúdo radicalmente alternativo e libertador que só o Nome de Jesus contém e diz).
Mas não é apenas isto que queremos dizer, quando dizemos que o Nome de Jesus é santo. Quando dizemos que o Nome de Jesus é santo, queremos dizer que ele é o único Nome que corresponde exactamente à pessoa que o leva e que a pessoa que o leva é exactamente o que o Nome indica e significa, isto é, Nome e Pessoa nomeada, são uma e a mesma realidade. Queremos dizer, por isso, que o Nome de Jesus é o único Nome verdadeiro, que não engana, que não mente, que podemos confiar nele até ao fim, sem que alguma vez nos experimentemos defraudados. Numa palavra, quando dizemos que o Nome de Jesus é santo, queremos dizer que ele é o único Nome no qual todos os seres humanos, mulheres e homens, podemos ser salvos, não no sentido paternalista e infantilista, de que Jesus nos substitui, mas no sentido maiêutico e libertador de que Jesus é o Caminho que, se for percorrido por nós sem desvios e até ao fim, nos faz ser verdadeiras mulheres e verdadeiros homens em plenitude.Resgatar Jesus do domínio e do controlo de certos e influentes clérigos e dos pastores das novas igrejas, é voltar ao genuíno Jesus das narrativas evangélicas, mas com uma chave de leitura/interpretação outra, que não a chave moralista/religiosa/corporativa desses mesmos clérigos e pastores das novas igrejas.
Entretanto, uma tal volta ao genuíno Jesus das narrativas evangélicas, só resulta em cheio, se for vivida no clima solto e amadurecido, livre e responsável, duma pequena comunidade cristã e jesuânica de base, reunida em Nome de Jesus Ressuscitado e em nome da Humanidade mais empobrecida e mais sofrida.
Nos grandes templos e nas grandes basílicas, onde continuam a pontificar o papa-chefe-de-Estado, os bispos-empresários-das-dioceses, ou mesmo os párocos-pequenos-reis-das-freguesias, esta viagem ao genuíno Jesus das narrativas evangélicas é completamente impensável. Como é impensável, no ambiente de qualquer "assembleia" das novas igrejas, à frente da qual pontificam pastores, que se pelam por dinheiro, ainda mais do que o Diabo por almas, e cuja formação teológica e de hermenêutica bíblica é nenhuma, melhor, é exclusivamente aquela que lhes meteram na cabeça e que se destina exclusivamente a levar as pessoas a despojar-se, primeiro, de toda a sua consciência crítica, depois, de todo o seu dinheiro, e, finalmente, de toda a sua dignidade humana.
No clima solto e amadurecido, livre e responsável, duma pequena comunidade cristã e jesuânica de base (Igreja é este vivo acontecimento misteriosamente convocado e conduzido pelo Espírito Santo: duas ou três pessoas, discretamente, reunidas em Nome de Jesus Crucificado/Ressuscitado), as narrativas evangélicas, assim como as narrativas bíblicas do Primeiro Testamento, deixam de ser apenas letra que atrapalha, aprisiona, assusta e mata as pessoas, para passarem a ser, essencialmente, Espírito, Sopro, Vento, Inspiração, Ímpeto Criador e libertador, que desperta, ergue, consciencializa, solta, liberta, cura e ressuscita as pessoas. É num clima assim, que Jesus, bem como a sua prática e a sua palavra, voltam a revelar-se a nós, em toda a sua surpreendente originalidade e em todo o seu escândalo, como sucedeu há quase dois mil anos, nas Sinagogas da Galileia, primeiro, e, depois, nas planícies, nos montes, nas praias, nos banquetes, nas bodas realizadas em muitas das casas da Galileia e da Judeia. Mas, agora, eis que se revelam na nossa própria língua, na nossa cultura, nos nossos contextos económicos, sociais, políticos e religioso-eclesiásticos. O que faz desses momentos, verdadeiros partos, verdadeiras transfigurações no Monte Tabor, verdadeiras Revoluções, o mesmo é dizer, Novos Começos, concretamente, para as pessoas que lhes dão corpo sem reservas e sem medo.
É numa comunidade cristã e jesuânica de base assim, que depressa nos apercebemos que Deus, tal como se nos revela em Jesus de Nazaré, o Cristo, do que verdadeiramente gosta é do Carnaval, não da Quarta-feira de cinzas e da quaresma. Do que verdadeiramente gosta é de viver e de fazer viver a todas e a todos. Por isso, não vai em jejuns, nem em abstinências, nem cilícios, nem em sacrifícios, nem em penitências mais ou menos esotéricas. Do que Ele verdadeiramente gosta é de misericórdia, de acção política que consciencialize e liberte as pessoas e as sociedades, não de religião, não de sacrifício. Do que Ele verdadeiramente gosta é de corpos bem alimentados - que tanto estão prontos a vibrar e a festejar, também na dimensão erótica que todas as festas humanas, quando não reprimidas, contêm, como estão igualmente prontos a comprometer-se até ao sangue em Causas concretas das quais resulte benefício para toda a Humanidade - não de corpos sujeitos a forçados jejuns, castigados com cilícios, tristes, reprimidos, como pretendem a Quarta-feira de cinzas e a quaresma.
Surpreendem-se com este meu dizer? Então escutem o que regista, por exemplo, o relato evangélico de Lucas (7, 31-35) acerca de Jesus e da sua prática, por volta do ano trinta (hoje, estamos no ano 2001) e depois digam-me se é ou não verdade o que aqui hoje escrevo, de que Deus do que verdadeiramente gosta é do Carnaval, com todos os seus excessos, até com os seus pecados, e não gosta nada da Quarta-feira de cinzas e da quaresma que ela inicia, muito menos de todas aquelas tradicionais virtudes que, durante ela, as pessoas católicas, tristes e amortalhadas, possam praticar. Diz assim o relato de Lucas:"A quem, pois, compararei as pessoas desta geração? A quem são semelhantes? Assemelham-se a crianças que, sentadas na praça, se interpelam umas às outras, dizendo: Tocámos flauta para vós, e não dançastes! Entoámos lamentações, e não chorastes".Veio João Baptista [o mestre da via do rigorismo e da penitência, que vivia no Deserto, cobria-se de peles e alimentava-se de gafanhotos], que não come pão nem bebe vinho, e dizeis: Está possesso do demónio! Veio o Filho do Homem [o próprio Jesus], que come bem e bebe melhor, e dizeis: Aí está um glutão e bebedor de vinho, amigo de cobradores de impostos [publicanos] e de outra gente de má fama [pecadores e prostitutas]! Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos."
Quarta-feira de cinzas e quaresma? A nossa Igreja católica romana bem pode continuar a forçar as populações a aderir à sua pastoral sado-masoquista, a qual atinge o seu clímax, o seu ponto culminante, nestas semanas que antecedem a Páscoa. E bem pode continuar, sem a mais leve perturbação,a fazer orelhas moucas a tudo isto que eu aqui escrevo e digo, com humor e amor. Assim como pode continuar, imperturbável, a congregar, em seu redor, muitas pessoas, nomeadamente, aquelas que ainda se não atreveram a libertar-se do medo e, por isso, até se sentem bem com as práticas litúrgicas sado-masoquistas que a nossa Igreja católica romana lhes sugere, melhor, lhes ordena, sob pena de pecado mortal.
Mas, no meio de tudo isto, uma coisa eu sei. E é esta: Quem, de certeza, não está presente em nenhuma das múltiplas acções dessa pastoral sado-masoquista, é Deus, esse mesmo Deus que nos deu Jesus ("glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e de outra gente de má fama") e, com ele, proclamou este Evangelho ou Boa Notícia a toda a Humanidade: Ousai ser mulheres e homens como este meu Filho muito amado, ousai ser mulheres e homens do mesmo jeito dele, e segundo aquele mesmo Espírito outro que plenamente o habitou, desde a sua concepção no ventre de Maria, sua mãe. E, na festa e na acção militante sem fim que passará, então, a ser o vosso viver, só não me vereis ao vosso lado, porque Eu sou a própria Festa e a própria Acção militante, que vos transforma e recria continuamente, e, em vós e convosco, transforma e recria continuamente a vida do mundo!

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Apocalypto - a pouca vergonha do fundamentalismo ocidental






As admiradoras do Mel Gibson que me perdoem mas, de facto, ele está cada vez mais parecido com o falecido Sadham Hussein. E não me refiro simplesmente à barba como podem ver nas imagens. Refiro-me também à violência, à arrogância, ao sangue vertido, e também à mania das grandezas que muitos actores também praticam.
De facto o realizador do "Braveheart" (que adorei) pratica neste filme tais atropelos à verdade histórica, social e civilizacional (para não dizer também - humana) que levou a que a professora de antropologia da Universidade de Miami, Traci Arden, especialista na civilização Maia, a afirmar que "Apocalypto" é uma triste fantasia sobre a supremacia ocidental chegando mesmo à pornografia.
Fui ver o filme. Bem sei que a controvérsia e a polémica tornam os artigos de consumo mais vendáveis. O Mel Gibson é a perfeita consciência disso.
Nunca imaginei que em pleno século XXI pudesse assistir a um filme onde uma civilização como os Maias fosse retratada como cruéis tarados, esclavagistas, déspotas, sanguinários e "apanhados do clima". De tal modo que no fim aparece o homem branco, civilizador, que põe fim à barbárie, ao descontrole (paganismo), trazendo consigo a luz divina (o cristianismo), etc. (já estou enojado)...
Este colonialismo de pacotilha e grosseiro aqui vertido pela acção de Gibson só "casa" bem com o delírio fundamentalista do presidente americano Bush.
Esperemos que, como afirma Mel Gibson, como o filme está num contexto de decadência e desaparecimento civilizacional, que esse desaparecimento seja o da supremacia americana sobre o nosso mundo.
Amén

quinta-feira, dezembro 14, 2006

O cliente tem sempre razão


Esta carta, foi enviada por um cliente de uma conhecida operadora móvel. A carta abaixo indicada é verídica e foi enviada por um devedor a uma das várias lojas credoras (conforme ele mesmo informa na sua carta) e publicada num jornal que, infelizmente, desconhecemos o nome pois só nos chegou o recorte.

"PREZADOS SENHORES,

Esta é a oitava carta jurídica de cobrança que recebo de Vossas senhorias...
Sei que não estou em dia com os meus pagamentos. Acontece que também estou a dever também noutras lojas e todas esperam que eu lhes pague. Contudo, os meus rendimentos mensais só permitem que eu pague duas prestações no fim de cada mês. As outras ficam para o mês seguinte. Estejam cientes de que não sou injusto, daquele tipo que prefere pagar a esta ou aquela empresa em detrimento das demais. Não! Todos os meses quando recebo o meu ordenado, escrevo o nome dos meus credores em pequenos pedaços de papel, que enrolo e coloco dentro de uma caixinha. Depois, olhando para o outro lado, retiro dois papéis, que são os dois "sortudos" que irão receber o meu rico dinheirinho. Os outros, paciência. Ficam para o mês seguinte.
Afirmo aos Senhores, com toda a certeza, que a sua empresa vem constando todos os meses na minha caixinha. Se não os paguei ainda, é porque os Senhores estão com pouca sorte.
Finalmente, faço-lhes uma advertência: se os Senhores continuarem com essa mania de me enviar cartas de cobrança ameaçadoras e insolentes, como a última que recebi, serei obrigado a EXCLUIR o nome da vossa Empresa dos sorteios mensais..."

terça-feira, novembro 14, 2006

CARTA ABERTA AO ENGENHEIRO JOSÉ SÓCRATES





Esta é a terceira carta que lhe dirijo. As duas primeiras motivadas por um convite que formulou mas não honrou, ficaram descortesmente sem resposta. A forma escolhida para a presente é obviamente retórica e assenta NUM DIREITO QUE O SENHOR AINDA NÃO ELIMINOU: o de manifestar publicamente indignação perante a mentira e as opções injustas e erradas da governação.
Por acção e omissão, o Senhor deu uma boa achega à ideia, que ultimamente ganhou forma na sociedade portuguesa, segundo a qual os funcionários públicos seriam os responsáveis primeiros pelo descalabro das contas do Estado e pelos malefícios da nossa economia. Sendo a administração pública a própria imagem do Estado junto do cidadão comum, é quase masoquista o seu comportamento.
Desminta, se puder, o que passo a afirmar:
1.º Do Statics in Focus n.º 41/2004, produzido pelo departamento oficial de estatísticas da União Europeia, retira-se que a despesa portuguesa com os salários e benefícios sociais dos funcionários públicos é inferior à mesma despesa média dos restantes países da Zona Euro.
2.º Outra publicação da Comissão Europeia, L´Emploi en Europe 2003, permite comparar a percentagem dos empregados do Estado em relação à totalidade dos empregados de cada país da Europa dos 12. E o que vemos? Que em média nessa Europa 25,6 por cento dos empregados são empregados do Estado, enquanto em Portugal essa percentagem é de apenas 18 por cento. Ou seja, a mais baixa dos 12 países, com excepção da Espanha.
As ricas Dinamarca e Suécia têm quase o dobro, respectivamente 32 e 32,6 por cento. Se fosse directa a relação entre o peso da administração pública e o défice, como estaria o défice destes dois países?
3º. Um dos slogans mais usados é do peso das despesas da saúde. A insuspeita OCDE diz que na Europa dos 15 o gasto médio por habitante é de 1458. Em Portugal esse gasto é 758. Todos os restantes países, com excepção da Grécia, gastam mais que nós. A França 2730, a Austria 2139, a Irlanda 1688, a Finlândia 1539, a Dinamarca 1799, etc.
Com o anterior não pretendo dizer que a administração pública é um poço de virtudes. Não é. Presta serviços que não justificam o dinheiro que consome. Particularmente na saúde, na educação e na justiça. É um santuário de burocracia, de ineficiência e de ineficácia. Mas infelizmente os mesmos paradigmas são transferíveis para o sector privado. Donde a questão não reside no maniqueísmo em que o Senhor e o seu ministro das Finanças caíram, lançando um perigoso anátema sobre o funcionalismo público. A questão reside em corrigir o que está mal, seja público, seja privado. A questão reside em fazer escolhas acertadas. O Senhor optou pelas piores . De entre muitas razões que o espaço não permite, deixe-me que lhe aponte duas:
1.º Sobre o sistema de reformas dos funcionários públicos têm-se dito barbaridades . Como é sabido, a taxa social sobre os salários cifra-se em 34,75 por cento (11 por cento pagos pelo trabalhador, 23,75 por cento pagos pelo patrão ).
OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS PAGAM OS SEUS 11 POR CENTO! .
Mas O SEU PATRÃO ESTADO NÃO ENTREGA MENSALMENTE À CAIXA GERAL DE APOSENTAÇÕES, COMO LHE COMPETIA E EXIGE AOS DEMAIS EMPREGADORES, os seus 23,75 por cento. E é assim que as "transferências" orçamentais assumem perante a opinião pública não esclarecida o odioso de serem formas de sugar os dinheiros públicos.
Por outro lado, todos os funcionários públicos que entraram ao serviço em Setembro de 1993 já verão a sua reforma ser calculada segundo os critérios aplicados aos restantes portugueses. Estamos a falar de quase metade dos activos. E o sistema estabilizará nessa base em pouco mais de uma década.
Mas o seu pior erro, Senhor Engenheiro, foi ter escolhido para artífice das iniquidades que subjazem á sua política o ministro Campos e Cunha, que não teve pruridos políticos, morais ou éticos por acumular aos seus 7.000 Euros de salário, os 8.000 de uma reforma conseguida aos 49 anos de idade e com 6 anos de serviço. E com a agravante de a obscena decisão legal que a suporta ter origem numa proposta de um colégio de que o próprio fazia parte.
2.º Quando escolheu aumentar os impostos, viu o défice e ignorou a economia. Foi ao arrepio do que se passa na Europa. A Finlândia dos seus encantos, baixou-os em 4 pontos percentuais, a Suécia em 3,3 e a Alemanha em 3,2.
3º Por outro lado, fala em austeridade de cátedra, e é apologista juntamente com o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, da implosão de uma torre ( Prédio Coutinho ) onde vivem mais de 300 pessoas. Quanto vão custar essas indemnizações, mais a indemnização milionária que pede o arquitecto que a construiu, além do derrube em si?
Por que não defende V. Exa a mesma implosão de uma outra torre, na Covilhã ( ver ' Correio da Manhã ' de 17/10/2005 ) , em tempos defendida pela Câmara, e que agora já não vai abaixo? Será porque o autor do projecto é o Arquitecto Fernando Pinto de Sousa, por acaso pai do Senhor Engenheiro, Primeiro Ministro deste país?
Por que não optou por cobrar os 3,2 mil milhões de Euros que as empresas privadas devem à Segurança Social ?
Por que não pôs em prática um plano para fazer a execução das dívidas fiscais pendentes nos tribunais Tributários e que somam 20 mil milhões de Euros ?
Por que não actuou do lado dos benefícios fiscais que em 2004 significaram 1.000 milhões de Euros ?
Por que não modificou o quadro legal que permite aos bancos , que duplicaram lucros em época recessiva, pagar apenas 13 por cento de impostos ?
Por que não renovou a famigerada Reserva Fiscal de Investimento que permitiu à PT não pagar impostos pelos prejuízos que teve no Brasil, o que, por junto, representará cerca de 6.500 milhões de Euros de receita perdida ?

A Verdade e a Coragem foram atributos que Vossa Excelência invocou para se diferenciar dos seus opositores.

QUANDO SUBIU OS IMPOSTOS, QUE PERANTE MILHÕES DE PORTUGUESES GARANTIU QUE NÃO SUBIRIA , FICÁMOS TODOS ESCLARECIDOS SOBRE A SUA VERDADE.

QUANDO ELEGEU OS DESEMPREGADOS , OS REFORMADOS E OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS COMO PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE COMBATE AO DÉFICE,
PERCEBEMOS DE QUE TEOR É A SUA CORAGEM.

Santana Castilho (Professor Ensino Superior)

quinta-feira, novembro 09, 2006

Solução para contenção de custos


À atenção dos nossos ministros e gestores de empresas públicas e privadas.
Motorista com limusine própria oferece-se para quem, de facto, queira reduzir custos das suas empresas. Temos uma vasta frota de viaturas à vossa disposição.
Lusa 9 Nov 2006

segunda-feira, outubro 30, 2006

Estado deve mais de 55 milhões aos SAMS


Neste momento a dívida do Estado aos Serviços de Assistência Médico Sociais dos bancários do Sul e Ilhas é mais de 55 milhões de euros! Esta dívida de quase dois anos acarreta sérios problemas de tesouraria a estes serviços médicos que prestam assistência aos bancários e suas famílias que ficam sem outra alternativa a não ser pedir dinheiro emprestado à banca e pagar-lhe os respectivos juros. Deste modo fica muito comprometido o poder negocial do sindicato para a tabela salarial de 2007 como é fácil compreender. Perante este cenário que faz a direcção do SBSI? Apresenta aos bancos uma proposta de aumento salarial de 3,8%! Numa altura em que, pelo terceiro ano consecutivo os bancos acumulam lucros fabulosos como é do conhecimento de todos! E porque que é que os bancários não reivindicam os 55 milhões de euros em dívida? Não sabemos. Sabemos apenas que a maioria da direcção do sindicato é do mesmo partido que está no governo e que os únicos prejudicados com estas coisas são apenas os bancários! Outra coisa também sabemos: nem os gestores dos SAMS são prejudicados, nem os directores do sindicato! Sabemos que a gestão de empresas da envergadura dos SAMS não é certamente um fardo como nunca o foi gerir os dinheiros dos outros (o que é que é um banco afinal?). Há sempre a possibilidade de amealhar umas percentagenzitas ou de dar a ganhar uns cobres a certas empresas fornecedoras dos SAMS. As quais podem ser, por coincidência, da cor política comum quer ao governo, quer à maioria da direcção do sindicato! Afinal estão na direcção há tantos anos que devem conhecer bem os cantos à casa. Mas, claro, isto não nos vai ser contado por estes personagens. Apelamos pois à participação dos nossos leitores nesta investigação do porquê de certas coisas. Informem-nos para comtrab@gmail.com . Só em conjunto poderemos apurar a verdade. Só assim poderemos melhor ajudar os bancários a melhorar as suas condições de trabalho e de vida.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Sindicalismo de cócoras!







Com as notícias dos formidáveis lucros da banca bem frescas na memória dos portugueses vem agora o Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas apresentar a sua proposta de revisão salarial para 2007. Isto não é novidade! A novidade é que a sua reinvidicação é de 3,8%!!! Quer dizer que no sector financeiro que tem os maiores lucros que há memória o tal sindicatozeco (pois não deve ser um verdadeiro sindicato) pede 3,8%!! Claro que vai ficar à volta dos 2%! Nem sequer reinvidicam os 4% de aumento da UGT (que é financiada a 60% por este sindicato). Quando no Semanário Económico ainda há poucos meses era referido a perca de quase 20% do poder de compra dos bancários nos últimos 10 anos, esta proposta ultraja não somente os bancários mas, igualmente, todos os verdadeiros sindicalistas!



É o que acontece quando o sindicalismo de base se entretem a brincar às gestões de organismos de saúde como os SAMS bancários! Gerir os muitos milhões que os SAMS bancários movimentam anualmente é seguramente muito empolgante para estes dirigentes sindicais. Dá muito gozo! Ao ponto de esquecerem completamente os seus deveres enquanto representantes de trabalhadores e da sua melhoria de vida.




Tal como nos bancos também há pessoas que tem muito a ganhar quando gerem o dinheiro dos outros. Só que neste caso é dinheiro para a saúde de mais de 55.000 pessoas!




quinta-feira, outubro 26, 2006

Pinochet esconde mais de 9 toneladas de ouro







O ditador Augusto Pinochet esconde mais de 9.000 kilos de ouro num banco de Hong Kong. Leia a notícia completa aqui

Não se deixem enganar pelo ar da imagem deste velhinho caquético. Este aliado dos Estados Unidos é responsável pelo golpe de estado que assassinou Salvador Allende e chacinou milhares de democratas no Chile. Curiosamente a data deste sanguinário golpe militar é, também, 11 de Setembro.





quarta-feira, outubro 25, 2006

O FMI gosta de nós



Foi ontem divulgado um relatório do FMI sobre o futuro da economia portuguesa. O relatório elogia as medidas que o governo está a tomar para reduzir o emprego na função pública e para diminuir as pensões, embora suspeite de que os efeitos destas medidas serão distantes no tempo e que a recuperação da economia para um ritmo de aproximação à média europeia esteja atrasado. Veja a notícia aqui

terça-feira, outubro 24, 2006

Centenário do nascimento de Emídio Santana (1906-2006)



O jornal A Batalha / Centro de Estudos Libertários promovem um ciclo de sessões comemorativas do centenário do nascimento de Emídio Santana (1906-2006).
1ª sessão - 28 de Outubro (sábado) pelas 15 horas no Espaço Josefa de Óbidos (Junta de Freguesia da Graça) – Rua Josefa de Óbidos, n.º 5, Lisboa.
Tema – Uma educação para a liberdade e a cidadania Intervenções de: João Soares, António Candeias, Rui Canário, Isabel Rufino e Pascal Paulus

2ª Sessão - 11 de Novembro (sábado) pelas 15 horas no Museu da República e Resistência – Estrada de Benfica, n.º 419, Lisboa Tema – Lutar pela emancipação Intervenções de: Paulo Guimarães, Luís Garcia e Silva, Fernando J. Almeida e João Freire

3ª Sessão - 26 de Novembro (sábado) pelas 15 horas na Casa António Sérgio – Travessa Moínho de Vento, à Lapa, n.º 4, Lisboa Tema – Entre-ajuda e cooperação na base da sociedade Intervenções de:
José Hipólito dos Santos e Eugénio Mota

Cada português deve 2,6 hectares à Terra


Cada português deve 2,6 hectares à Terra (PÚBLICO)

Cada habitante de Portugal precisa de pelo menos 4,2 hectares de terras e de superfície de água para si. Mas o país só tem 1,6 hectares produtivos per capita. Resultado: vive além das suas possibilidades e tem um défice ambiental de 2,6 hectares por pessoa.

Leia o artigo completo aqui

segunda-feira, outubro 23, 2006

PERDÃO DE IMPOSTOS SOBRE JUROS À BANCA


ESTAMOS TODOS A SER ROUBADOS!
O Fisco perdoou à banca o pagamento de impostos sobre os juros de obrigações emitidas a partir de paraísos fiscais. O ministério das Finanças decidiu que só vai tributar estes casos, a partir do próximo ano mas recusa falar em perdão fiscal.

Leia a notícia completa aqui .
Palavras para quê. è mais uma medida a favor dos trabalhadores e dos pobres deste país.

PORTUGAL VISTO DE FRANÇA


COMEÇAMOS POR ENCHER O DEPÓSITO.
Não é somente em Portugal que o Engº José Sócrates faz figuras ridículas.
O francês Le Monde vê Portugal como um carro velho, a cair aos bocados.
Logicamente o que o 1º ministro se propõe fazer é... encher o depósito!
Perguntamos: de quem?

CARTA ABERTA AOS BANCOS


Exmos. Senhores Administradores da banca.

Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da v/. Rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.


Funcionaria desta forma: todos os meses os senhores e todos os usuários, pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.).

Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer produto adquirido (um pão, um remédio, uns litros de combustível, etc.) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preço de mercado. Que tal?


Pois, ontem saí do meu banco com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e de honestidade. A minha certeza deriva de um raciocínio simples. Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão. O padeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o pão, assim como, todo e qualquer outro serviço. Além disso, impõe-me taxas. Uma "taxa de acesso ao pão", outra "taxa por guardar pão quente" e ainda uma "taxa de abertura da padaria". Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.

Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo no meu Banco.Financiei um carro. Ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os senhores cobraram-me preços de mercado. Assim como o padeiro cobra-me o preço de mercado pelo pão.
Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazem cobrando-me apenas pelo produto que adquiri. Para ter acesso ao produto do v/. negócio, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de crédito" - equivalente àquela hipotética "taxa de acesso ao pão", que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar. Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente no v/. Banco. Para que isso fosse possível, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de conta".

Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa "taxa de abertura de conta" se assemelharia a uma "taxa de abertura da padaria", pois, só é possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir a padaria. Antigamente, os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como "Papagaios". Para gerir o "papagaio", alguns gerentes sem escrúpulos cobravam "por fora", o que era devido. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem escrúpulos.

Agora ao contrário de "por fora" temos muitos "por dentro".Pedi um extracto da minha conta - um único extracto no mês - os senhores cobraram-me uma taxa de 1 EUR. Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5 EUR "para a manutenção da conta" - semelhante àquela "taxa pela existência da padaria na esquina da rua". A surpresa não acabou: descobri outra taxa de 25 EUR a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhante àquela "taxa por guardar o pão quente".

Mas, os senhores são insaciáveis.

A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde sou informado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer. Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações do v/. Banco.

Por favor, esclareçam-me uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?Depois que eu pagar as taxas correspondentes, talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que a v/. responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito elevados, etc., etc., etc. e que apesar de lamentarem muito e nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente coberto por lei, regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal. Sei disso.

Como sei, também, que existem seguros e garantias legais que protegem o v/. negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados.

Sei que são legais.

Mas, também sei que são imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vai acabar e cá estaremos depois para cobrar da mesma forma.

Vitor Pinheiro

domingo, outubro 22, 2006

Eu cá não sou católico


Alguém se rala com isso? Penso que não. Mas devo estar errado pois há quem viva de querer arrebanhar pessoas, de juntar magotes e pensar que com isso tem mais razão, tem mais poder, é mais verdadeiro. Nada mais errado. A verdade e a razão nunca dependeram do número de arrebanhados que conseguiam juntar. Pelo contrário. Os homens grandes sempre pertenceram àqueles que se opuseram e demarcaram claramente dessas maiorias de apaniguados.
Mas dizia eu: não sou católico. Poderia, também, dizer: não sou ladrão. Não sou incapaz. Não sou atrasado mental. Isso esclareceria alguém sobre mim? Nadinha. Para mim a declaração “sou católico” equivale a uma expressão tipo “sou deficiente” ou, para ser mais verdadeiro significa “não percebo nada de religião, há coisas que tenho medo de discutir livremente, sou dependente de outros para poder raciocinar sobre coisas espirituais, sociais, etc”. Com efeito e apenas com poucas excepções que confirmam a regra, um católico é, a maior parte das vezes um indivíduo que mal conhece a própria Bíblia, que não percebe patavina das outras religiões e que está imbuído de um fortes sentimentos de culpa em relação a muitas coisas. Podia ainda esmiuçar este assunto mas não o farei, pelo menos agora, por questão de caridade.
Assim, partindo desta proposição, valerá a pena criticar um destes “assumidos” fiéis? (coloco assumidos entre aspas porque é uma característica desta gente não possuir coluna vertebral suficiente para assumir o que quer que seja a não ser em rebanho como é próprio da sua fé). Penso que não. Como células de um organismo maior não acusarão nunca o toque apenas reagem quando tocam no organismo em conjunto. Porquê? Porque assim sempre poderá haver alguém que possa responder ou alinhavar umas palavritas por eles. Um padre, um acólito, um bispo, alguém que possa parecer que fala em nome de qualquer coisa, nunca em nome do homem, do ser humano, mas da massa, da multidão (o tal organismo com letra muito pequena pois mais me parece um cancro social que um ser autêntico verdadeiro.
Desculpem-me esta linguagem. Alguns poderão pensar que estou a querer atingir alguém. Não estou. Estou a querer atingir, isso sim, essas monstros de muitas cabeças, de milhares de pernas e de pés, e de goelas abertas, escancaradas e cabeças perfeitamente vazias e ausentes de um sequer pingo de conhecimento que são as multidões. Estou a querer falar de ser humano para ser humano apelando àquilo que há de ser humano em cada um e que eu sei que, quando metidos nas molhadas, pouca diferença faz duma besta.
A religião católica é assim. Só os padres, os “ordenados” é que podem dizer alguma coisa que se possa considerar minimamente alinhavada. Os restantes não passam de multidões recalcadas, acéfalas, a temer. Pois não foi somente a Santa Inquisição que queimou na fogueira tanta gente: foram sobretudo momentos de espectáculo para gozo e para meter medo a essas tais multidões acéfalas.
Ele há poucas religiões no mundo com tantos fiéis tão ignorantes de religião, de espiritualidade, como a religião católica. Porque será?


Sobre o aborto.

1. - O aborto é uma coisa lamentável que ninguém, com leveza, recomenda ou defende.

2. - Ninguém aborta alegremente

3. - É um problema que afecta a nossa sociedade em geral e as mulheres em particular.

4. - Existem uma proposta para a nossa legislação que possibilita às mulheres que assim o entenderem interromper a gravidez não desejada em determinadas condições com vista a minorar problemas criados pela nossa própria forma de viver em conjunto.

5. - Porque é que isso há que ser impedido por quem não sente a premencia desses problenas?


Porque é que a Igreja Católica se opõe a isso? Porque é que a Igreja Protestante, por exemplo aceita isso? O que é que as mulheres que padecem ou podem vir a padecer deste mal beneficiam com a posição dos bispos?



quinta-feira, outubro 19, 2006

CARTA ABERTA ao Eng José Sócrates


Esta é a terceira carta que lhe dirijo. As duas primeiras motivadas por um convite que formulou mas não honrou, ficaram descortesmente sem resposta. A forma escolhida para a presente é obviamente retórica e assenta NUM DIREITO QUE O SENHOR AINDA NÃO ELIMINOU: o de manifestar publicamente indignação perante a mentira e as opções injustas e erradas da governação.
Por acção e omissão, o Senhor deu uma boa achega à ideia, que ultimamente ganhou forma na sociedade portuguesa, segundo a qual os funcionários públicos seriam os responsáveis primeiros pelo descalabro das contas do Estado e pelos malefícios da nossa economia. Sendo a administração pública a própria imagem do Estado junto do cidadão comum, é quase masoquista o seu comportamento.



Desminta, se puder, o que passo a afirmar:
1.º Do Statics in Focus n.º 41/2004, produzido pelo departamento oficial de estatísticas da União Europeia, retira-se que a despesa portuguesa com os salários e benefícios sociais dos funcionários públicos é inferior à mesma despesa média dos restantes países da Zona Euro.
2.º Outra publicação da Comissão Europeia, L´Emploi en Europe 2003, permite comparar a percentagem dos empregados do Estado em relação à totalidade dos empregados de cada país da Europa dos 12. E o que vemos? Que em média nessa Europa 25,6 por cento dos empregados são empregados do Estado, enquanto em Portugal essa percentagem é de apenas 18 por cento. Ou seja, a mais baixa dos 12 países, com excepção da Espanha.
As ricas Dinamarca e Suécia têm quase o dobro, respectivamente 32 e 32,6 por cento. Se fosse directa a relação entre o peso da administração pública e o défice, como estaria o défice destes dois países?
3º. Um dos slogans mais usados é do peso das despesas da saúde. A insuspeita OCDE diz que na Europa dos 15 o gasto médio por habitante é de 1458. Em Portugal esse gasto é ... 758. Todos os restantes países, com excepção da Grécia, gastam mais que nós. A França 2730, a Austria 2139, a Irlanda 1688, a Finlândia 1539, a Dinamarca 1799, etc.
Com o anterior não pretendo dizer que a administração pública é um poço de virtudes. Não é. Presta serviços que não justificam o dinheiro que consome. Particularmente na saúde, na educação e na justiça. É um santuário de burocracia, de ineficiência e de ineficácia. Mas infelizmente os mesmos paradigmas são transferíveis para o sector privado. Donde a questão não reside no maniqueísmo em que o Senhor e o seu ministro das Finanças caíram, lançando um perigoso anátema sobre o funcionalismo público. A questão reside em corrigir o que está mal, seja público, seja privado. A questão reside em fazer escolhas acertadas. O Senhor optou pelas piores. De entre muitas razões que o espaço não permite, deixe-me que lhe aponte duas:
1.º Sobre o sistema de reformas dos funcionários públicos têm-se dito barbaridades . Como é sabido, a taxa social sobre os salários cifra-se em 34,75 por cento (11 por cento pagos pelo trabalhador, 23,75 por cento pagos pelo patrão ).
OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS PAGAM OS SEUS 11 POR CENTO.
Mas O SEU PATRÃO ESTADO NÃO ENTREGA MENSALMENTE À CAIXA GERAL DE APOSENTAÇÕES, COMO LHE COMPETIA E EXIGE AOS DEMAIS EMPREGADORES , os seus 23,75 por cento. E é assim que as "transferências" orçamentais assumem perante a opinião pública não esclarecida o odioso de serem formas de sugar os dinheiros públicos.
Por outro lado, todos os funcionários públicos que entraram ao serviço em Setembro de 1993 já verão a sua reforma ser calculada segundo os critérios aplicados aos restantes portugueses. Estamos a falar de quase metade dos activos. E o sistema estabilizará nessa base em pouco mais de uma década.
Mas o seu pior erro, Senhor Engenheiro, foi ter escolhido para artífice das iniquidades que subjazem á sua política o ministro Campos e Cunha, que não teve pruridos políticos, morais ou éticos por acumular aos seus 7.000 Euros de salário, os 8.000 de uma reforma conseguida aos 49 anos de idade e com 6 anos de serviço. E com a agravante de a obscena decisão legal que a suporta ter origem numa proposta de um colégio de que o próprio fazia parte.
2.º Quando escolheu aumentar os impostos, viu o défice e ignorou a economia. Foi ao arrepio do que se passa na Europa. A Finlândia dos seus encantos , baixou-os em 4 pontos percentuais, a Suécia em 3,3 e a Alemanha em 3,2.
3º Por outro lado, fala em austeridade de cátedra, e é apologista juntamente com o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, da implosão de uma torre ( Prédio Coutinho ) onde vivem mais de 300 pessoas. Quanto vão custar essas indemnizações, mais a indemnização milionária que pede o arquitecto que a construiu, além do derrube em si?
4º Por que não defende V. Exa a mesma implosão de uma outra torre, na Covilhã ( ver ' Correio da Manhã ' de 17/10/2005 ) , em tempos defendida pela Câmara, e que agora já não vai abaixo? Será porque o autor do projecto é o Arquitecto Fernando Pinto de Sousa, por acaso pai do Senhor Engenheiro, Primeiro Ministro deste país?
Por que não optou por cobrar os 3,2 mil milhões de Euros que as empresas privadas devem à Segurança Social ?
Por que não pôs em prática um plano para fazer a execução das dívidas fiscais pendentes nos tribunais Tributários e que somam 20 mil milhões de Euros ?
Por que não actuou do lado dos benefícios fiscais que em 2004 significaram 1.000 milhões de Euros ?
Por que não modificou o quadro legal que permite aos bancos, que duplicaram lucros em época recessiva, pagar apenas 13 por cento de impostos ?
Por que não renovou a famigerada Reserva Fiscal de Investimento que permitiu à PT não pagar impostos pelos prejuízos que teve no Brasil, o que, por junto, representará cerca de 6.500 milhões de Euros de receita perdida ?
A Verdade e a Coragem foram atributos que Vossa Excelência invocou para se diferenciar dos seus opositores.
QUANDO SUBIU OS IMPOSTOS, QUE PERANTE MILHÕES DE PORTUGUESES GARANTIU QUE NÃO SUBIRIA, FICÁMOS TODOS ESCLARECIDOS SOBRE A SUA VERDADE.
QUANDO ELEGEU OS DESEMPREGADOS , OS REFORMADOS E OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS COMO PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE COMBATE AO DÉFICE, PERCEBEMOS DE QUE TEOR É A SUA CORAGEM.

ORÇAMENTO?

Todos os anos os sucessivos governos atiram-nos com o chamado ORÇAMENTO DE ESTADO.
Porque é que nós não lhes atiramos com uma qualquer coisa equivalente para cima deles?

segunda-feira, junho 06, 2005

Os vigaristas do costume...

As recentes eleições nos Sindicatos dos Bancários do Norte e do Centro vêm colocar uma questão fundamental para o sindicalismo que temos: que é feito da democracia sindical? É que nestas duas eleições foram cometidos mais uns quantos atropelos à democracia e à verdade dos votos. Com efeito, no Norte, nomeadamente no Banco Totta, as listas afectas à UGT (a do PSD e a do PS) tiveram exactamente o m,esmo número de votos. Por isso houve um certo "rigor" na recontagem dos mesmos e logo se detectou que em determinados balcões onde praticamente ninguém tinha votado lá apareceram uns tantos votos para as listas do PSD...Trata-se de repetir essas eleições apenas. Não se pode dar bronca na comunicação socialNo caso do Sindicato dos Bancários do Centro a coisa foi bem pior. Depois da lista apoiada pela direcção anterior ter sido derrotada, eis que se fecharam no edifício do sindicato sem deixarem ninguém entrar e depois, quase um mês depois, vêm publicar novos resultados, desta vez a favor da tal direcção de antanho!Enfim. As vigarices do costume que têm feito perpetuar as mesmas pessoas nos mesmos poleiros desde praticamente pouco depois do 25 de Abril de 1975!No Sindicato dos Bancários do Sul a mesmíssima coisa. Só que não foram eleições para os corpos gerentes. Foi o tal "referendum" para a constituição da Federação dos Vigaristas a que dão o nome pomposo de Federação Financeira! Contra o que os próprios Estatutos que eles "cozinharam" 15% de votantes dão a vitória ao sim para a Federação?E ainda dizem coisas do Alberto João Jardim.Já agora uma boa novidade. Um blog novo, sobre os bancários, e sem papas na língua: http://sindicalho.canalblog.com/
Façam o favor de ler