sexta-feira, janeiro 05, 2007

Apocalypto - a pouca vergonha do fundamentalismo ocidental






As admiradoras do Mel Gibson que me perdoem mas, de facto, ele está cada vez mais parecido com o falecido Sadham Hussein. E não me refiro simplesmente à barba como podem ver nas imagens. Refiro-me também à violência, à arrogância, ao sangue vertido, e também à mania das grandezas que muitos actores também praticam.
De facto o realizador do "Braveheart" (que adorei) pratica neste filme tais atropelos à verdade histórica, social e civilizacional (para não dizer também - humana) que levou a que a professora de antropologia da Universidade de Miami, Traci Arden, especialista na civilização Maia, a afirmar que "Apocalypto" é uma triste fantasia sobre a supremacia ocidental chegando mesmo à pornografia.
Fui ver o filme. Bem sei que a controvérsia e a polémica tornam os artigos de consumo mais vendáveis. O Mel Gibson é a perfeita consciência disso.
Nunca imaginei que em pleno século XXI pudesse assistir a um filme onde uma civilização como os Maias fosse retratada como cruéis tarados, esclavagistas, déspotas, sanguinários e "apanhados do clima". De tal modo que no fim aparece o homem branco, civilizador, que põe fim à barbárie, ao descontrole (paganismo), trazendo consigo a luz divina (o cristianismo), etc. (já estou enojado)...
Este colonialismo de pacotilha e grosseiro aqui vertido pela acção de Gibson só "casa" bem com o delírio fundamentalista do presidente americano Bush.
Esperemos que, como afirma Mel Gibson, como o filme está num contexto de decadência e desaparecimento civilizacional, que esse desaparecimento seja o da supremacia americana sobre o nosso mundo.
Amén

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